Covas não apenas tomou uma decisão que não traz efetividade alguma no combate ao vírus como prejudicou cidades vizinhas ao não consultar outros prefeitos e o próprio governador João Doria
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, antecipou cinco feriados municipais com a justificativa de conter a propagação do coronavírus. Com isso, teremos um “superferiado” a partir desta sexta-feira (26), que seguirá até o domingo de Páscoa, dia 4 de abril.
Antecipando os feriados de Corpus Christi (60 dias após a Páscoa), o Dia da Consciência Negra (20 de novembro), de 2021 e 2022, e o aniversário da São Paulo (25 de janeiro), Covas não apenas tomou uma decisão que não traz efetividade alguma no combate ao vírus como prejudicou cidades vizinhas ao não consultar outros prefeitos e o próprio governador João Doria.
Ele ainda demonstrou não ter sequência em suas ações, visto que recentemente o Carnaval foi cancelado para que a população não se aglomerasse e pudesse trabalhar. E, desta vez, é criado um feriado prolongado na tentativa de deixar as pessoas em casa. Duas decisões que se contrariam.
Agora, municípios como os da Baixada Santista receberão milhares de turistas, superlotando a região e prejudicando o planejamento local para conter a pandemia. Foi uma atitude, no mínimo, egoísta.
Não bastasse o clima de férias que será criado pelo superferiado e os danos aos planejamentos de outras cidades, milhares de pessoas poderão perder seus empregos com o fechamento de comércios e indústrias. Isso deixará empreendedores em situação delicada, com diversos gastos, mas nenhuma receita para arcar com eles, o que aumentará o número de famílias com dificuldade para colocar comida na mesa.
Vale lembrar que também houve antecipação de feriados no ano passado e os índices de isolamento social praticamente não se alteraram. O risco que corremos agora é de aumentar as aglomerações com esse “período de folga” e, daqui a algumas semanas, termos um efeito contrário ao esperado, com mais pessoas contaminadas e maior taxa de ocupação do leitos de UTI para a covid-19, principalmente nos municípios que receberão turistas.
Em um momento em que devemos trabalhar conjuntamente na tentativa de conter a propagação do coronavírus, o que vemos é o uso de poder para tomar uma decisão unilateral, sem debate, sem consultas, sem pensar no próximo e sem analisar os fatos. Como prefeito da maior cidade do país, faltou habilidade de gestão a Bruno Covas, que não dialogou sequer uma decisão que não é efetiva.
Estamos vivendo o período mais complicado da pandemia no Brasil. A ocasião exige decisões muito bem pensadas e estudadas para que evitemos ao máximo os erros para não prejudicar ainda mais a população. O que percebemos com o superferiado, no entanto, é que nem todos aprendem com os erros já cometidos, pois ainda insistem neles.
Matéria Original: A tribuna