No período de 45 dias, três policiais foram mortos no Estado de São Paulo
Mais de 70 disparos. Essa foi a quantidade de tiros contra o carro do PM do 1º Batalhão de Choque da ROTA, Fernando Flávio Flores, de 38 anos, brutalmente assassinado na manhã do último sábado (4). Flores tinha 18 anos de corporação, deixou esposa e três filhos.
Em Santos, no dia 25 de abril, outra cena de horror. Um homem desce de uma motocicleta, se aproxima pelas costas e atira na cabeça de um policial. Com a vítima no chão, o bandido efetua mais disparos. Daniel Gonçalves Correa, de 43 anos, também da ROTA, cai morto, sem chance de reação.
Além dos dois PMs, um investigador da Polícia Civil foi baleado e morto, no dia 19 de março, no Jardim Macedônia, bairro do Capão Redondo, Zonal Sul de São Paulo.
Além dos dois PMs, um investigador da Polícia Civil foi baleado e morto, no dia 19 de março, no Jardim Macedônia, bairro do Capão Redondo, Zonal Sul de São Paulo.
Em 45 dias, três policiais mortos.
De acordo com o anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no ano passado, 374 policiais foram assassinados no Brasil, em 2017 (290 deles durante a folga). Já em 2018, 307 policiais foram mortos, sendo que cerca de 75% no período de folga, o que mostra claramente o principal momento em que esses crimes se realizam.
Quando o assunto são policiais mortos, o Estado de São Paulo fica em segundo do ranking do país, nos dados de 2018. Foram 60 mortos ao todo, número somente menor que o do Rio, que contabilizou 89 policiais mortos, no mesmo período.
O salário inicial de um policial militar no estado gira em torno de apenas R$ 3.164,58. Por conta da baixa remuneração, muitos fazem “bicos” em suas folgas para complementar a renda e é assim que grande parte é vitimada. No caso dos delegados, São Paulo é o pior estado a remunerá-los, segundo o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, apesar de ser o mais rico da federação.
O sucateamento em relação a equipamentos e infraestrutura é preocupante. Blindagem dos vidros das viaturas e fuzis de última geração são algumas das promessas, porém, na prática, os policiais tiveram que se contentar com espingardas calibre 12 e fuzis não tão modernos. O desrespeito com os direitos desses cidadãos é notório.
Levando-se em conta todo esse descrédito histórico por parte dos governos, poderia se imaginar que o trabalho das polícias em São Paulo tivesse um desempenho insatisfatório, entretanto, o que acontece é exatamente o oposto. As polícias paulistas são as melhores do país, segundo especialistas, e contribuem diretamente para que o estado venha obtendo as menores taxas de homicídio, ano após ano. Já no primeiro trimestre de 2019, essa média se manteve e São Paulo continua tendo a menor taxa do país (0,5/100 mil habitantes).
Não podemos aceitar tamanha desvalorização. Por isso, em união com representantes de associações das polícias e de outros deputados de nossa bancada, cobramos o governador João Doria, em carta aberta. A proposta solicita uma revisão no padrão dos vencimentos dos agentes de segurança do Estado, da ordem de 24,16%. É o mínimo que deve ser garantido para esses guerreiros e guerreiras que colocam suas vidas em risco, diuturnamente, para nos defender. Nossa luta será constante e incansável, enquanto essa triste realidade não mudar.