Mas é preciso mudar algumas coisas e combater o velho ‘jeitinho brasileiro’ de querer levar a vantagem em tudo, furando a fila da imunização
A vacinação contra a Covid-19 é extremamente importante e o Brasil está trilhando esse caminho. O governo federal iniciou a distribuição de 2,9 milhões de doses de Coronavac e negocia a compra de 30 milhões de doses dos imunizantes da Rússia e Índia. Ao mesmo tempo, o Brasil começa a produzir nesta semana a vacina de Oxford/AstraZeneca. As perspectivas são promissoras.
Mas é preciso mudar algumas coisas e combater o velho ‘jeitinho brasileiro’ de querer levar a vantagem em tudo, furando a fila da imunização. Precisamos moralizar a distribuição das vacinas para evitar os desvios que prejudicarão quem mais necessita dela.
Precisamos garantir que os critérios de prioridade sejam obedecidos, porque eles são definidos com base em análises de risco feitas por cientistas e especialistas em imunização. Desvios devem ser punidos para garantir que mais vidas sejam salvas e coibir que mais pessoas tentem furar a fila.
Em São Paulo, precisamos corrigir distorções, como a que garante a imunização aos profissionais de saúde, mas esquece os demais profissionais que atuam em hospitais, como terceirizados da limpeza, funcionários do administrativo, entre outros.
O Plano Estadual de Imunização prevê a vacinação de equipes que atuam na linha de frente do combate à Covid-19, mas exclui do grupo prioritário os servidores e colaboradores terceirizados que trabalham nos setores administrativos e na prestação de serviços, como limpeza e manutenção. São pessoas que estão expostas todos os dias ao risco de contaminação e isso precisa mudar. Todos desempenham função essencial dentro do hospital, e todos devem estar protegidos.
Pensando nisso, encaminhei ao governador de São Paulo uma indicação para que os trabalhadores do setor de saúde sejam imunizados, independentemente do setor em que atuem. E esperamos que Doria demonstre cuidado com quem garante o funcionamento dos hospitais e clínicas que cuidam dos doentes.
Garantir a imunização eficiente da população trará benefícios em todas as instâncias, inclusive na econômica. A vacinação em massa é encarada por economistas e entidades do setor como grande impulsionador da retomada da economia em 2021 no Brasil e no mundo. A volta a alguma normalidade, depois da maior crise sanitária dos últimos tempos, depende muito da imunização da população.
A segunda onda da Covid-19, que levou alguns estados a reduzirem novamente as atividades do comércio não essencial, paralisou novamente alguns setores da economia. Os dados podem ser catastróficos, considerando que esta é a segunda vez em menos de um ano que os comerciantes são obrigados a fechar as portas. Desemprego e miséria podem aumentar se não voltarmos a crescer e a produzir.
A chegada da vacina pode mudar essa realidade. Ela vai fazer as pessoas voltarem a circular livremente, sem medo. As atividades em estabelecimentos fechados, setor de eventos, shows e cultura também serão retomadas e a contratação de serviços deve crescer. Economistas esperam ainda que a confiança dos consumidores sobre a retomada econômica favoreça a venda de bens de consumo mais caro.
Matéria Original: A Tribuna