Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo®. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano.
Todos os anos são registrados mais de 13 mil suicídios no Brasil e mais de 01 milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Estudos apontam que em torno de 96% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais.
No Brasil, o número de policiais que tira a própria vida é maior que o dos que morrem em serviço. Segundo o relatório anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em outubro de 2020, só em 2019, 65 policiais militares e 26 civis cometeram suicídio. Naquele mesmo ano, o número de PMs mortos em serviço foi de 56 e o de policiais civis, 16. O número de policiais mortos fora de serviço foi 101. Os números podem ser ainda maiores por falta de levantamento de dados pelo poder público. Entre esses fatores figuram o próprio tabu, as interdições socioculturais em torno do tema, a existência de preconceito.
Independentemente dessa posição relativa em relação aos casos, estudos e relatos empíricos têm mostrado que o suicídio entre integrantes de corporações policiais no Brasil é um problema grave, que não mostra sinais de arrefecimento, e que por isso deve ser objeto de atenção e preocupação da sociedade civil e do poder público.
Dentro das Forças Armadas esta triste realidade não é diferente, por isso discutir as causas de doenças psíquicas em suas mais variadas formas dentro dos quartéis é essencial. As características peculiares e a constante pressão do dia-a-dia da profissão corroboram para o aumento do estresse de seus indivíduos, afetando diretamente a saúde dos mesmos. Infelizmente, em nosso país não temos dados fidedignos, provavelmente por falha de notificação e de mais pesquisas nessa área.
Profissões que exigem de seus membros elevado preparo físico, manutenção e manejo de armamento, equilíbrio emocional para tomada de decisões, certamente necessita de um acompanhamento psicológico frequente.
O Exército Brasileiro, a fim de desmistificar o assunto, promoveu o 1º Encontro de Prevenção ao Suicídio, em Brasília-DF. Foram discutidas algumas diretrizes com enfoque nas medidas preventivas ao suicídio, assim como a elaboração de uma cartilha a ser distribuída em todas as Organizações Militares.
O público alvo desta jornada de estudos e intercâmbios de ideias foram os Comandantes de Batalhões, que convivem diariamente com os militares das faixas etárias de maior risco. O investimento num relacionamento de respeito entre superiores e subordinados constitui parte de um tratamento preventivo às doenças psíquicas. Olhar a depressão com a devida atenção pode evitar danos irreversíveis à família militar.
Matéria original: A Tribuna