Hospitais públicos da região sofrem com falta de equipamentos, médicos, e isso prejudica somente a população
Em notícia publicada recentemente, A Tribuna aponta um déficit de cerca de 800 leitos hospitalares na rede pública da Baixada Santista, algo assustador, mas de conhecimento geral. Em minhas vistorias feitas nos hospitais públicos da região, pude constatar, em pouco tempo de Assembleia Legislativa, as dificuldades que as instituições enfrentam para continuar prestando um atendimento minimamente digno aos que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS).
Faltam equipamentos, médicos e profissionais de enfermagem, insumos e, em muitos casos, há necessidade de reformas nas estruturas. E o resultado são longas esperas por atendimento e até cancelamentos de cirurgias e internações. Mas, a saúde não pode esperar. Vidas dependem disso.
A região tem 1.923 leitos pelo SUS, mas os hospitais têm entre 500 e 600 vagas fechadas por falta de recursos humanos e de verba para a sua manutenção. Para resolver o problema, o Governo do Estado não precisaria construir mais hospitais, mas contratar profissionais e custear a manutenção das unidades.
Em alguns hospitais, como é o caso do Guilherme Álvaro, em Santos, constatamos que os leitos são subutilizados por falta de médicos e profissionais de enfermagem. Das 248 vagas existentes para internação, menos de 170 estão disponíveis.
Nosso mandato vem atuando para melhorar a saúde pública na região. Nós enviamos requerimentos e ofícios cobrando a Secretaria Estadual de Saúde e conseguimos mais de R$ 7 milhões em investimentos para o Hospital Guilherme Álvaro, e outros R$ 29 milhões para retomar as obras dos hospitais de Bertioga e Peruíbe.
No começo desse ano, também conseguimos ajudar o Hospital dos Estivadores intermediando a liberação de um repasse de R$ 4,5 milhões que estava atrasado e inviabilizava o funcionamento do hospital e o atendimento a muitos pacientes.
O número de leitos nas cidades tem que aumentar não só para acompanhar o crescimento demográfico e o envelhecimento da população, mas, também, para atender à demanda de uma considerável parcela da sociedade que deixou de pagar planos de saúde nos últimos anos devido às recorrentes crises econômicas que atingiram o Brasil. Somente na Baixada, entre 2015 e março deste ano, 54 mil pessoas deixaram de ter plano de saúde, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A conta não fecha. E o Governo do Estado precisa se explicar.
O Departamento Regional de Saúde 4 (DRS-4) da Baixada Santista informou para A Tribuna que o fechamento dos leitos decorre da crise econômica, que obrigou o governo a adotar a medida em todo o estado. É inegável que os municípios, estados e União enfrentam graves problemas de caixa, mas mudanças na gestão e na priorização de recursos têm que ser feitas para que, mais uma vez, o povo não sofra nas intermináveis filas à espera de um atendimento digno e humano.