O primeiro ponto a se questionar é por que essa regressão veio somente após o dia 29 de novembro, data do segundo turno das eleições municipais
O governador João Doria anunciou a regressão de todas as regiões do estado à fase amarela do chamado plano de flexibilização econômica.
Com isso, os comércios voltam a ter limitação de horário, podendo abrir apenas 10 horas por dia e tendo que fechar até 22h.
O primeiro ponto a se questionar é porque essa regressão veio somente após o dia 29 de novembro, data do segundo turno das eleições municipais. Antes, ninguém sabia que a medida já seria necessária?
O fato se torna mais curioso quando recordamos que, cerca de duas semanas antes o novo anúncio, a imprensa noticiou e o governo publicou um vídeo em suas redes sociais afirmando que não aumentaria a restrição da quarentena logo após o pleito.
O que se viu, no entanto, foi que, logo no dia seguinte ao 29, o governo anunciou o endurecimento de algumas medidas.
Não bastasse, Doria promoveu aglomerações em situações em que pessoalmente esteve para prestar apoio durante a campanha eleitoral de seu ex-vice, Bruno Covas, inclusive na reunião que comemorou a vitória do prefeito.
Será mesmo factível que o governador e sua equipe não raciocinaram que a consequência de se estender o horário do comércio diminui o fluxo nos horários de pico, reduzindo assim os riscos de contaminação?
Diminuir o tempo de funcionamento dos estabelecimentos apenas aumenta as aglomerações e prejudica ainda mais o setor, já tão afetado pela pandemia com bilhões de reais perdidos e, consequentemente, milhares de desempregados.
Pensando nos problemas que mais uma quarentena rígida provocaria na economia, apoiei o movimento “Meia Porta” para que bares e restaurantes da cidade de Santos continuassem com o seu horário ampliado, podendo atender maior público, seguindo todas as recomendações sanitárias para evitar a propagação do coronavírus: funcionamento com apenas 40% da capacidade, distanciamento social, aferição de temperatura na entrada e fornecimento de álcool em gel.
Seguindo por esse caminho, o prefeito de Santos manteve a ampliação do horário do funcionamento do comércio, colaborando para que o público tenha mais horários disponíveis e os comerciantes não sofram com as novas limitações, correndo o risco de terem que fechar as portas em definitivo.
O deputado Caio França, eu e o vereador Sergio Santana, entre outros vereadores, estamos na luta para que trabalhadores do comércio não sejam mais uma vez prejudicados. A prefeitura já sinalizou a possível edição de um decreto esta semana que estenderá até meia noite o horário de funcionamento dos estabelecimentos.
São Vicente manteve o período máximo de funcionamento por 10 horas diárias, mas permitiu o fechamento dos estabelecimentos até meia noite.
Já no interior, em Americana, a prefeitura autorizou o comércio local a funcionar por 12 horas, afirmando que o horário restrito causou mais aglomerações.
João Doria não pode obrigar os municípios adotarem limitações que, ao contrário do que ele afirma, apenas elevarão o risco de contaminação das pessoas e prejudicarão milhares de empreendedores e trabalhadores.
Essas pessoas precisam trabalhar para sobreviverem a gigantesca crise econômica que assola os micros e pequenos empresários, trabalhadores autônomos, gente que não pode se dar o luco de ficar em casa ou evitar entrar num transporte público lotado.
Sabemos do aumento na curva de casos de coronavírus, mas esta regressão tende apenas a piorar a situação.
O que fica, mais uma vez, é a imagem ruim do governador, que não cumpriu o que havia dito antes do segundo turno, de que nada voltaria atrás no plano de flexibilização econômica.
Matéria Original: A Tribuna