Os pedágios das estradas que dão acesso à Baixada Santista ficam 8,05% mais caros a partir desta quinta-feira (1º). O reajuste foi autorizado pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), órgão regulador dos serviços prestados pelas concessionárias. O Sindicato das Empresas de Transporte Comercial de Carga do Litoral Paulista (Sindisan) afirma que vai acionar as autoridades para cobrar explicações sobre o aumento.
Com a atualização dos valores, a tarifa cobrada nos pedágios Piratininga e Riacho Grande, que ficam na Rodovia dos Imigrantes e na Via Anchieta, respectivamente, passou de R$28,00 para R$30,20 a veículos de passeio e comerciais (por eixo) – o trecho é a principal ligação entre a Capital e a Baixada Santista.
Por sua vez, na Rodovia Cônego Domenico Rangoni, o preço subiu de R$13,00 para R$14,20. Já na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, em São Vicente, o pedágio passou de R$7,60 para R$8,20. Outras três praças de pedágio ao longo da Imigrantes tiveram aumento, conforme tabelas divulgadas no Diário Oficial do Estado. Em Diadema, o valor é R$2,20 em Eldorado, R$4,20 e em Batistini, R$6,80.
O advogado do Sindisan, Marco Aurélio Guimarães, se referiu ao aumento do pedágio como “um negócio absurdo” e informou que o reajuste vai causar impactos não só aos condutores, mas à população, devido ao aumento do custo do transporte de cargas.
“O sindicato está se manifestando no Ministério Público do Estado (MPE) para que ele tome uma ação, junto à Artesp, para que haja uma verificação efetiva do que acontece no pedágio em Santos (no SAI, que passou a R$30,20). É o pedágio mais caro do Brasil”.
Guimarães cobra a Artesp que, segundo ele, “deveria buscar uma melhor equalização de preços, custos e equilíbrio financeiro para que o pedágio não onere o processo produtivo em si, assim como o usuário (demais motoristas), que quer pagar algo justo, que cubra a manutenção da pista e lucro da empresa, mas dentro da realidade”.
O professor universitário e especialista em mobilidade urbana Rafael Pedrosa reforça que, com o reajuste do pedágio e a constante alta do preço dos combustíveis, é percebido um efeito em cadeia de aumento de todos os serviços relacionados à logística e que precisa ser movimentado no País.
“Isso é uma conta muito perigosa, porque tende a diminuir a mobilidade econômica e urbana também, tendo em vista o custo que cresce acima da inflação”.
Pedrosa observa ainda que o Porto e o turismo devem ser afetados. “Dirigir-se à Baixada Santista fica mais caro e isso começa a fazer, também num efeito em cadeia, que circule menos dinheiro na nossa região. O acesso ao Porto se torna mais caro, o acesso ao turismo, que é uma vocação, fica prejudicado”, explica o especialista.
O advogado do Sindisan aponta que “não há licitação” para a concessão do SAI. “Nossa manifestação é a seguinte: quem está medindo esse equilíbrio? Vocês querem reajuste e prorrogação a troco do quê? Seria obrigatório existir uma licitação e não aditivos contratuais prorrogando a concessão das rodovias”, diz Guimarães, que acredita em uma queda de 40% a 60% no valor das tarifas, caso houvesse nova licitação do serviço.
Em nota, a Ecovias, que administra os pedágios da região, afirma que as tarifas “são determinadas pelo poder concedente (Governo de São Paulo) e fiscalizadas pela Artesp” – o reajuste de 8,05% foi publicado do Diário Oficial do Estado na última sexta-feira(25), e estão previstos em contrato de concessão.
Matéria original: A Tribuna