Os números apontados por estas pesquisas, além de desestimularem os cidadãos, pois já apontavam largas vantagens de um candidato contra o outro, se mostraram incorretos quando divulgados os resultados nas urnas
As eleições de 2020 entraram para a história como uma das mais conturbadas dos últimos anos. Em meio a uma pandemia, os candidatos tiveram que se adaptar para poderem participar do processo democrático, conquistar votos e expor seus planos.
Ao fim do segundo turno, o que pudemos perceber foi a alta taxa de abstenção causada, não somente pela pandemia, mas pelo desinteresse de parte da população nas questões políticas e pela divulgação de pesquisas eleitorais que apontaram erroneamente vantagem considerável de certos candidatos, desmotivando o eleitorado.
Os números apontados por estas pesquisas, além de desestimularem os cidadãos, pois já apontavam largas vantagens de um candidato contra o outro, se mostraram incorretos quando divulgados os resultados nas urnas.
Vamos aos exemplos, citando alguns casos de capitais: Em Porto Alegre (RS), a última pesquisa IBOPE, divulgada ás vésperas das eleições, apontou que a candidata do PCdoB, Manuela d’Ávila, estava com 51% dos votos, mas a realidade foi que ela obteve 45% e ficou em segundo lugar. Com 6 pontos a menos que o previsto, não tem sequer como apontar que a margem de erro que toda pesquisa tem.
Segundo a última pesquisa, PT tinha chances reais de vitória com os candidatos de Recife (PE) e Vitória (ES), ambos com 50% das intenções de voto. O resultado, porém, foi de derrota em ambos os casos, com 41% de João Coser na cidade capixaba (9 pontos a menos) e 43% de Marilia Arraes na cidade pernambucana (7 pontos a menos).
Em outros casos, que o IBOPE até acertou o vencedor da eleição, mas a porcentagem ainda assim destoou da realidade. Em Aracaju (SE), Edvaldo (PDT) venceu o pleito com 5 pontos a menos do que o previsto pela pesquisa. Em Belém do Pará, Edmilson Rodrigues (PSOL) foi eleito com menos 7 pontos do que apontado e, em Fortaleza (CE), o deputado estadual José Sarto (PDT), que estaria com 61% dos votos, foi eleito com 51% (10 a menos).
Coincidentemente (ou não), todos estes partidos seguem uma ideologia voltada para a esquerda.
A questão é que, independentemente do resultados final das eleições, é irresponsável apresentar números tão diferentes da realidade, podendo influenciar em votos de pessoas indecisas ou, como citei anteriormente, desmotivar cidadãos que pretendiam votar, pois o cenário aparentemente já estaria resolvido.
Em um processo democrático, devemos manter as pessoas interessadas e engajadas, para que a população vote e realmente a maioria possa se sentir representada por aquele que for eleito.
Agora, encerradas as eleições de 2020, fica uma reflexão para que as empresas e instituições repensem a maneira irresponsável de como vêm apresentando os números. E que os cidadãos não se deixem enganar por pesquisas eleitorais e não deixem de registrar seu voto, independentemente de quem aparentemente esteja à frente.
Devemos garantir que todos os pleitos ocorram da forma mais justa possível, sem manipulações de qualquer âmbito que seja. E por fim, aos prefeitos eleitos, desejo boa sorte e que possam fazer um grande serviço em prol de seus municípios e seus munícipes, promovendo desenvolvimento e crescimento, com transparência e justiça.
Matéria Original: A Tribuna