O corretor de imóveis Guilherme Teixeira Mendonça de Matos, 33 anos, foi solto na noite desta quarta-feira (23) após a Justiça revogar a prisão temporária. Ele estava preso na carceragem do 2ºDP Bom Retiro desde quinta-feira (17), suspeito de ter matado um policial civil aposentado no domingo (6), em Cidade Dutra, na Zona Sul de São Paulo. Ele foi reconhecido por uma foto de 2009.
A decisão é da juíza Renata Carolina Casimiro Braga Velloso Roos, da 3ª Vara do Júri de São Paulo. No texto, ela determinou o retorno do inquérito policial para o DHPP pelo prazo de 60 dias para “prosseguimento das investigações.”
O inquérito vai continuar, mas Guilherme responderá em liberdade. O ouvidor das polícias de São Paulo Benedito Mariano disse ao G1 que há fragilidades nas provas que levaram à prisão temporária de Guilherme.
A viúva do policial assassinado e a neta dele fizeram o reconhecimento de Guilherme por meio de uma foto de 2009 e ele está bem diferente atualmente, de acordo com o advogado Razuen El Kadri. Para Mariano, a forma como foi feito o reconhecimento foi equivocada. Segundo ele, o reconhecimento que leva a uma prisão temporária tem de ser feito presencialmente.
“A minha expectativa a partir dos dados que o irmão da vítima trouxe é que ele seja solto essa semana”, diz Mariano.
Outra fragilidade da acusação, segundo Mariano, é que Guilherme teria um álibi. Ele diz ter passado o fim de semana na casa da namorada, a professora Fernanda Ribeiro, 27 anos, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, cerca de 20 km do local do crime.
Fernanda disse ao G1 que os dois filhos de Guilherme também estavam com o casal no dia e horário do crime.
“Ele chegou em casa na madrugada de sexta com as crianças. No sábado levou elas no parquinho aqui perto. Fui pega de surpresa quando ele foi preso e meu sentimento foi de angústia e de incredulidade. Fiquei perplexa, como o reconheceram se ele estava aqui comigo?”, disse a professora.
De acordo com Fernanda, Guilherme saiu da casa dela por volta das 11h para levar as crianças para a casa da mãe delas. Kadri afirma que há imagens de uma câmera de segurança de um shopping que mostram que ele passou com os dois filhos.
A terceira fragilidade da acusação, segundo Mariano, é que o carro supostamente utilizado na fuga do crime foi vendido por Guilherme em 2014 e teve dois ou três outros donos depois da venda, sendo um deles de Ourinhos, a 378 km de São Paulo.
Atualmente, o carro pertence ao motorista de aplicativos Ricardo Pereira de Souza. Entretanto, ele se apresentou na última segunda-feira (21) à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e disse que comprou o carro em 2017, mas devolveu dois meses depois, pois ele apresentava defeitos. Ricardo explicou que não fez a transferência do documento, por isso, o veículo ainda está em seu nome.
O inquérito diz que o veículo foi alvo de abordagens nos dias 13 e 25 de setembro, dias antes do crime. Segundo o relatório da Polícia Civil, nessas duas abordagens feitas por policiais militares, quem dirigia era Guilherme, o que ele nega.
O irmão de Guilherme, Rodrigo Mendonça, também questiona a maneira como ocorreu a prisão.
“Duas pessoas marcaram com ele às 14h do dia 17, no plantão dele como corretor de imóveis, e se identificaram como clientes. Chegaram lá e se apresentaram como policiais e disseram a meu irmão para que ele os acompanhasse até a delegacia para prestar depoimento sobre o veículo Gol. Eu liguei para ele quando ele estava a caminho da delegacia e ele me disse que seria bom já ir e resolver. Em nenhum momento ele achou que estava indo para a delegacia para ser preso”, afirma Rodrigo.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que todas as circunstâncias relativas ao caso são investigadas por meio de inquérito policial instaurado pelo Departamento de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP).
“O pedido de prisão temporária do referido suspeito foi decretado pela Justiça, de acordo com o conjunto probatório e as oitivas colhidas até o momento. As investigações, bem como o trabalho de análise de novas informações e provas estão em curso para a elucidação dos fatos e prisão do(s) autor(es)”.
O corretor de imóveis Guilherme Teixeira Mendonça de Matos está preso desde quinta-feira (17) — Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação
FONTE: G1