2020 tem sido um ano desafiador para todo mundo. A pandemia do novo coronavírus matou quase 1,5 milhão de pessoas ao redor do globo, paralisou economias, fechou cidades e provocou crises econômicas. Teve também um forte impacto no processo eleitoral, atrasando pleitos e impondo desafios jamais vistos aos candidatos.
Para conquistar votos e conseguir expor planos de mandato, foi preciso muita adaptação. Aquela fórmula de ir para as ruas conversar com as pessoas para conquistar confiança foi prejudicada. O tempo de campanha mais curto também dificultou o trabalho.
Por outro lado, tivemos índices maiores de abstenção. Muitos eleitores sequer foram às urnas. E isso se deve não só ao medo de contrair a Covid-19, mas também ao desestímulo provocado pelo desinteresse de parte da população nas questões políticas e pelas pesquisas eleitorais que mostraram resultados bem diferentes do que vimos na apuração final.
Pesquisas divulgadas às vésperas da eleição em capitais mostraram resultados bem distantes da realidade, muitas vezes com diferença de 9 pontos percentuais, que ultrapassam em muito a chamada margem de erro.
Não é segredo que esses levantamentos influenciam eleitores. No caso destas eleições municipais, serviram de desestímulo para o cidadão ir a uma zona de votação.
Em Porto Alegre (RS), a última pesquisa IBOPE divulgada às vésperas das eleições, trouxe Manuela d’Ávila (PCdoB) com 51% dos votos. Na apuração final, ela teve 45%. Foram 6 pontos percentuais a menos que o ‘previsto’. A margem de erro do Ibope são 3 pontos percentuais.
Se o referido instituto tivesse acertado, o PT teria chances reais de vitória com os candidatos de Recife (PE) e Vitória (ES). Na pesquisa divulgada sábado antes da eleição, ambos apareciam com 50% das intenções de voto. Mas João Coser teve 41% dos votos válidos na cidade capixaba, 9 pontos a menos. Isso mesmo, três vezes a margem de erro da pesquisa. E, em Recife, Marilia Arraes teve 43% dos votos válidos, 7 pontos a menos.
Mesmo quando acertou o resultado, o Ibope errou na porcentagem. Foram os casos de Aracaju (SE), onde Edvaldo (PDT) venceu o pleito com 5 pontos a menos do que previsto pela pesquisa.
O mesmo aconteceu em Belém do Pará: Edmilson Rodrigues (PSOL) foi eleito com menos 7 pontos do que foi divulgado. Em Fortaleza (CE), José Sarto (PDT), que estaria com 61% dos votos segundo o Ibope, teve 51%, 10 pontos a menos.
É irresponsável apresentar números tão descolados da realidade, influenciando o eleitorado e desmotivando as pessoas a votar, apresentando um cenário que estaria praticamente resolvido. Ninguém ganha com esse processo de desinformação, mas o maior prejudicado é certamente a democracia. Aos eleitos, desejo boa sorte e espero que se comprometam em trabalhar com transparência e justiça.
Tenente Coimbra, deputado estadual
Matéria Original: Diário do Litoral