O governo do Estado de São Paulo fechou na última semana um acordo que estende até março de 2033 a concessão do Sistema Anchieta – Imigrantes (SAI) à Ecorodovias, que opera o trecho desde 1998 com a marca Ecovias. Anteriormente o prazo seria até março de 2024. Com a prorrogação do contrato, a empresa se comprometeu, como contrapartida, a investir R$ 1,1 bilhão em obras nas rodovias que interligam a Grande São Paulo à Baixada Santista. Além disso, a concessionária depositará R$ 613 milhões em garantias ao governo e serão encerradas as disputas judiciais que tem com o Estado.
Esse acordo ocorre de uma forma duvidosa e prejudicial para a nossa região, visto que as melhorias anunciadas não são urgentes se levarmos em conta a realidade local. As obras propostas ainda inviabilizam ou adiam outras que são prioritárias.
Um exemplo é a ligação seca entre Santos e Guarujá, com a construção de uma ponte ou um túnel, que a Ecovias executaria. No entanto, não há no novo acordo nenhum valor destinado a esse projeto.
Com uma ligação seca, teríamos benefícios tanto no setor de mobilidade urbana quanto no portuário. O percurso entre os municípios seria reduzido de 45 quilômetros para menos de 20 quilômetros. A operação da bolsa seria otimizada. O tempo de viagem das cargas do Porto de Santos seria três vezes menos (passando de uma hora para 20 minutos) e a circulação de pessoas entre as cidades seria potencializada.
A nova verba poderia ainda ser utilizada na fase 2 da Ponte dos Barreiros, principal ligação entre as áreas insular e continental de São Vicente. A finalização da obra é necessária não apenas para a segurança e normalidade de operação da ponte, mas também para a extensão do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) ao município de São Vicente, em uma região que a população carece de operação de acesso às cidades vizinhas.
Vale lembrar que, embora a expansão do VLT esteja em sua segunda fase, a terceira etapa que levaria a São Vicente é mais importante para a população local, e poderia ser iniciada caso o investimento fosse direcionado a ela, o que não ocorreu. Agora, provavelmente, ela não ficará pronta até o fim do mandato do governador João Doria.
Esse acordo ainda prejudica o bolso dos cidadãos, pois impede que a concessionária diminua o valor dos pedágios nas rodovias.
Como já se tornou costume, o governador demonstra pouco comprometimento e atenção com uma das regiões mais estratégicas do Estado. Até mesmo em momentos como este, de injetar verba em obras para o desenvolvimento da Baixada Santista, ele toma decisões questionáveis, deixando de lado opções mais vantajosas e essenciais que tragam benefícios para a economia, para a população em geral e não só para os moradores da Baixada.
O descuido e despreparo para lidar com a nossa região já não surpreendem mais, pois o histórico deste governo estadual nos mostra isso desde o seu início. Ficamos à espera que um dia ele possa abrir os olhos e enxergar quais as nossas principais demandas e necessidades.
Matéria Original: A Tribuna