A HIPOCRISIA DA COPA AMÉRICA

Realização pode ser questionada não pela questão da Covid e sim por ser um campeonato que quase ninguém dá valor

O anúncio de que a Copa América seria disputada no Brasil incitou o debate sobre os riscos de sediar um evento internacional. Mas se ocorrem eventos de torneios nacionais e continentais de clubes,  é possível atribuir à Copa América uma ameaça maior à saúde da população brasileira enquanto as outras disputas seguem normalmente? 

O estranho de tudo isso é que, enquanto a Copa América seria na Argentina e Colômbia, tudo estava correndo normalmente. Esse fato é, no mínimo, curioso.

Parece que há uma crise nos bastidores da seleção brasileira, com diversos atletas contrários à realização da Copa América no Brasil, uns por conta das férias não tiradas, haja visto que uns recentemente encerraram a Champions League na Europa e outros emendaram o Brasileiro e Copa do Brasil com os regionais, ainda temos uma parte que se diz ser contra pela situação da pandemia.

Mas vamos colocar as cartas na mesa e falar de alguns eventos esportivos que estão acontecendo simultaneamente: Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Copa Sul-Americana, Copa Libertadores da América e Eliminatórias para a Copa do Mundo.

O Campeonato Brasileiro: O Campeonato Brasileiro envolve cerca de 300 pessoas por partida, onde vinte clubes participam do Campeonato. No decorrer da temporada (de maio a dezembro), cada clube joga duas vezes contra os outros, uma vez em seu estádio e a outra no de seu adversário, em um total de 38 jogos. Isso contando apenas a Série A. Se juntar série B, C e D, vamos ter um total de 124 times jogando toda semana até o final do ano!

A Copa do Brasil: somadas as oito fases da competição, a Copa do Brasil terá 91 clubes participantes e 120 serão realizadas.

Copa Sul-Americana: O torneio foi expandido de 54 para 56 equipes, com todas as equipes perdedoras da terceira fase da Copa Libertadores do mesmo ano entrando na competição. Na primeira fase, equipes de todas as associações sul-americanas, exceto Argentina e Brasil, jogam entre si contra equipes da mesma associação em jogos de ida e volta, com os classificados avançando para uma fase de grupos com 32 times.

Copa Libertadores da América: Já na Copa Libertadores da América consiste em três etapas, com a primeira fase, que chamamos de Pré-Libertadores, sendo iniciada geralmente no fim de janeiro. As seis equipes sobreviventes se juntam aos outros 26 times previamente classificados para a segunda fase, na qual existem oito grupos compostos por quatro equipes cada. Os dois melhores times de cada grupo avançam para a fase eliminatória, com jogos de ida e volta, até as semifinais; a final, que é disputada em jogo único num local previamente escolhido, é disputada preferencialmente em novembro.

E as Eliminatórias para a Copa do Mundo, que é o torneio de classificação das seleções para a Copa. Ao contrário do que muitos pensam, as Eliminatórias são consideradas uma parte da Copa do Mundo; a fase que reúne as 32 seleções classificadas é a parte final do torneio, antes disso, com o grande número de seleções (200), é necessário um mecanismo de seleção das mesmas para que apenas 32 delas se classifiquem para a fase final da competição. Ou seja, é uma “Pré-Libertadores” da seleção.

Isso, sem contar a Eurocopa, que vai ocorrer ao mesmo tempo que a Copa América, e as próprias Olimpíadas, que reunirá MILHARES de atletas e comissões do mundo inteiro em uma única cidade no Japão.

Os números nos mostram a realidade: muitos estão usando o evento para mover o cenário político; a guerra entre emissoras é nítida, em uma haveria transmissão da Copa América e na outra alguns eventos esportivos; ainda tem o desgaste dos jogadores que vêm de campeonatos recém encerrados e estão de férias.

Nem mesmo o aumento na premiação da seleção campeã, que deve faturar cerca de 14 milhões de dólares, serviu como motivação. É provável que a disputa do futebol sub-24 nas Olimpíadas de Tóquio, no próximo mês, tenha mais atenção do que a Copa América no Brasil.

Tudo isso reforça a ideia que a Copa América é um campeonato sem grande importância onde o público é pífio, e o reflexo disso está na decisão de alguns jogadores.

Nesta segunda, dia 07/06 os envolvidos chegaram a um consenso e decidiram que terá a Copa América que começa no domingo.

Matéria original: A Tribuna